MULTILETRAMENTOS NA PESQUISA: AUTORIA E SUBJETIVAÇÃO NAS REDAÇÕES DO ENEM


            O conceito de Letramento surgiu atrelado a ideia de alfabetização, tendo surgido a partir do que Street (1984) denominara de “Literacy”. Partindo dele, outros autores debruçaram-se sobre o tema, como Mary Kato (1986), Ângela Kleiman (1995), Rojo (2009) e Soares (1998), que ampliaram o conhecimento existente a este respeito. Assim, o nome Letramento passou por reformulações para abarcar ao que se propunha, chegando a ser Letramentos e posteriormente Multiletramentos (informação verbal). 

Então, diferentes nomenclaturas foram surgindo à medida que se ampliava o conhecimento a respeito dos diferentes tipos de Letramentos, os quais entendemos como conhecimentos mobilizados para se atingir uma determinada finalidade. Paralelo aos Letramentos surgiu os Multiletramentos, que engloba as discussões em torno das pedagogias do letramento. Este será mais amplo que o conceito de Letramentos, uma vez que se refere à multiplicidade de práticas letradas da sociedade. 

Diante do exposto, pensando a respeito dos Multiletramentos e sua relação na pesquisa sobre autoria e subjetivação em redações do Enem, podemos observar que o aluno se coloca como autor para redigir um texto, obedecendo as regras coercitivas impostas pelo exame e mobilizando diferente tipos de conhecimentos para atingir uma finalidade: escrever a respeito de um tema. Neste momento, refletimos a importância da teoria dos Multiletramentos, já que por meio dela, compreendemos que o aluno tem uma incorporação de diversas mídias, linguagens e culturas na produção do conhecimento. 

Se pensarmos na estrutura das redações do Enem, temos textos motivadores, os quais são compostos de diferentes linguagens, verbais, visuais, não verbais, dentre outras, em que o aluno parte do seu contexto sócio histórico e mobiliza diferentes habilidades para conseguir se posicionar e trazer para a norma escrita seu gesto interpretativo a respeito daquele tema. Trata-se textos multimodais que requer do aluno interpretação de diferentes formas linguísticas ou não linguísticas e, nessa perspectiva, os Multiletramentos faz-se necessário, uma vez que múltiplas formas de acesso ao conhecimento levam o aluno a refletir sobre aquilo em que está diante. Nesse momento, é imprescindível a formação do professor apoiada nessa perspectiva dos Multiletramentos, uma vez que ele imerge o aluno a pensar sob múltiplas formas de conhecimento, desde o ensino fundamental até o médio, e, ao prestar o exame, sobretudo redigir a redação apoiada nos textos motivadores, o aluno põe em prática uma forma de interpretar já familiarizada por ele, como o letramento visual, crítico, digital, literário e outros. Todos eles ajudam ao aluno a pensar numa opinião, atravessada pelo contexto sócio histórico, e expressar em forma de texto. 

Portanto, o modo que os Multiletramentos se encaixa na pesquisa, que visa observar a autoria e a subjetivação nas redações nota mil do Enem, é em como o aluno se coloca como autor, partindo de seu gesto interpretativo e mobilizando diferentes conhecimentos para a leitura de mundo aliada a leitura dos diferentes textos motivados para a finalidade de redigir e ter voz numa redação. 


REFERÊNCIAS

KLEIMAN, Angela B. Preciso ensinar o letramento? Não basta ensinar a ler e escrever?. São Paulo: Unicamp, 2005. 

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